segunda-feira, 9 de setembro de 2013

Espião via satélite

Brasília-DF - Luiz Carlos Azedo
Correio Braziliense - 03/09/2013
 

O ministro-chefe da Secretaria-Geral da Presidência, Gilberto Carvalho, deu a declaração mais bombástica sobre a espionagem norte-americana das comunicações da presidente Dilma Rousseff com seus auxiliares, revelada domingo à noite no Fantástico, da TV Globo. “Estamos numa situação de emergência por causa dessas denúncias”, disse ontem, depois de mais uma reunião no Palácio do Planalto para tratar do assunto.

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Os ministros José Eduardo Cardozo (Justiça), Celso Amorim (Defesa), Paulo Bernardo (Comunicações) e o novo titular das Relações Exteriores, Luiz Alberto Figueiredo Machado, também foram ao Planalto. Antes, o chanceler se reuniu com o embaixador norte-americano no Brasil, Thomas Shannon, que foi chamado às falas. A conversa durou meia-hora.

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Deixando de lado as declarações oficiais, uma análise fria da situação concluirá que o monitoramento das comunicações do governo via internet pelos norte-americanos foi uma violação da soberania nacional, sem dúvida. Mas passaria em brancas nuvens se não fosse denunciada por um desertor dos serviços de segurança dos EUA. Ou seja, é um problema mais nosso do que dos Estados Unidos, que continuarão a fazer espionagem via satélite pelo mundo, mesmo que digam o contrário. É que o Brasil não tem seu próprio satélite geoestacionário e usa os serviços espaciais de outras potências, inclusive norte-americanos. É aquela estória das mensagens sigilosas: é preciso confiar no portador.

Quem somos
O mais importante de tudo o que foi revelado até agora é o fato de que os serviços de inteligência dos Estados Unidos hoje não sabem se o Brasil é um aliado, um inimigo ou problema para a Casa Branca. A política externa brasileira e a política nacional de defesa formalmente tratam os Estados Unidos como uma nação amiga, porém, não aceitam a condição de força-auxiliar do grande irmão do Norte na relação com outros países. Até aí, tudo bem, mas a desconfiança entre os Estados Unidos e o Brasil hojé é maior do que nos tempos de George Bush.
No telhado/ A “visita de Estado” da presidente Dilma Rousseff à Casa Branca, para um encontro de alto nível com o presidente Barack Obama, subiu no telhado. A denúncia de que os EUA espionam o governo brasileiro criou um problema diplomático complicado para ambos. Ou Obama pede desculpas, ou Dilma fica numa situação humilhante, se mantiver a viagem. Como temos uma eleição pela frente, o mais provável é Dilma fazer desse limão uma limonada.

Satélite/ A nova denúncia de espionagem, com base nos documentos revelados pelo ex-agente da Agência de Segurança Nacional Edward Snowden, corrobora a decisão da Embratel de adquirir de um consórcio franco-italiano o satélite geoestacionário brasileiro de comunicação e vigilância. Norte-americanos, canadenses e japoneses foram descartados.

Reforma//
O grupo de trabalho da reforma política na Câmara inicia amanhã a apreciação de propostas apresentadas pelos deputados. Entre os temas, financiamento das campanhas, limitações para a propaganda política, fim das coligações proporcionais, fim da reeleição para cargos do Executivo, voto em lista e mandato de cinco anos para todos os cargos eletivos.

Sabedoria
O economista carioca Mauro Osório, citando John Kenneth Galbraith, para quem abraçar a realidade era mais perigoso do que endossar a sabedoria convencional, exumou artigo do economista Chico Lopes, que criticava o pessimismo dos colegas. “Ele afirmou que as análises econômicas estavam contaminadas pelo pessimismo e o resultado do PIB do segundo trimestre seria bem superior ao estimado. Chico Lopes, na ocasião, sofreu todo tipo de crítica, inclusive insinuações. Ou seja, como afirmou Galbraith, é mais seguro errar com os outros do que correr o risco de acertar sozinho.”

Novo PIB
De acordo com a pesquisa do Banco Central com instituições financeiras, a estimativa para a expansão do PIB passou de 2,20% para 2,32%

E agora?
O presidente da Câmara, Henrique Eduardo Alves (PMDB-RN), está numa sinuca de bico: o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Luís Roberto Barroso suspendeu ontem a decisão que preservou o mandato do deputado federal Natan Donadon (sem partido-RO), preso em Brasília após ter sido condenado pelo STF a mais de 13 anos de prisão. Barroso atendeu  um pedido de liminar feito pelo deputado Carlos Sampaio (PSDB-SP). A Mesa da Câmara teria agora que formalizar a cassação ou recorrer da decisão.

Ícones
Os publicitários João Santana e Marcelo Kertész resolveram dar à presidente Dilma Rousseff o status de estadista reconhecida universalmente: além de comparada na propaganda do PT os ex-presidentes Luiz Inácio Lula da Silva, Getúlio Vargas e Juscelino Kubitschek, foi equiparada a Abraham Lincoln, John Kennedy, Mahatma Gandhi, Nelson Mandela e Charles de Gaulle.

Novo papa
O jornalista Gerson Camarotti lança hoje na Livraria Cultura, do Casa Park, a partir das 19h30, o livro Segredos do conclave (Geração Editorial), sobre a eleição do papa Francisco, que já está na segunda edição.

Segura ele
O governador de São Paulo, Geraldo Alckmin, defendeu ontem a legitimidade do ex-governador José Serra em pleitear seu nome como pré-candidato à sucessão presidencial para 2014, mas afirmou que essa é uma questão partidária. Há uma grande operação em curso, comandada pelo senador Aécio Neves (MG), que preside a legenda, para manter Serra no PSDB. Ele ameaça migrar para o PPS.

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