sexta-feira, 25 de janeiro de 2013

Dosimetria da base

Brasília-DF - Luiz Carlos Azedo
Correio Braziliense - 25/01/2013
 

O cientista político Michel Neil, especialista em relações governamentais, fez um levantamento sobre a “taxa de governismo” da Câmara dos Deputados e Senado Federal nas votações de plenário durante o governo Dilma Rousseff. Considerou como base de apoio o grupo de parlamentares que votou com o governo em mais de 75% das matérias, sendo o “núcleo duro” aqueles que o apoiaram em mais de 90% das votações. Resultado: na Câmara, o apoio ao governo está caindo em quase todas as clivagens.

De 2011 para 2012, houve queda de 33,6 pontos percentuais (p.p.) no chamado “núcleo duro”. Com isso, apenas 26% da Câmara vota “reiteradamente” com o Palácio do Planalto. Na base como um todo, a queda foi de 14,2%. A coalizão governista está no limite para aprovação incondicional de emendas constitucionais, porque a fidelidade tácita do PMDB ao governo despencou. É que o chamado núcleo duro governista quase desapareceu dentro do partido: caiu de 85,9% para 5,1% da bancada.

Ou seja, o apoio do PMDB é basicamente um “condicional”. E o Palácio do Planalto precisará negociar ainda mais com a sua própria base com entrada de Eduardo Cunha (RJ) na liderança do PMDB, com apoio dos cinco governadores da legenda.

Céu de brigadeiro

Para Neil, porém, o Senado é o “céu de brigadeiro” do governo Dilma. A base de apoio e o núcleo duro cresceram 19,7 p.p. e 14,9 p.p., respectivamente. O governismo do PMDB na Casa aumentou de 2011 para 2012 com a entrada em cena de Ideli Salvatti como ministra de Relações Institucionais, ao contrário do que ocorreu na Câmara. O potencial de criação de problemas de Renan Calheiros, do PMDB-AL, na presidência do Senado é considerado menor do que o de Henrique Eduardo Alves (PMDB-RN) na Câmara.

Distantes

Henrique Eduardo Alves e Eduardo Cunha, que já foram como Cosme e Damião, nunca estiveram tão distantes. Cunha atribui ao antigo parceiro o surgimento da candidatura de Sandro Mabel (GO) à liderança do PMDB. Seria um afago ao Palácio do Planalto, que sempre lhe fez restrições. O parlamentar fluminense avalia ter 44 votos, contra 25 de Mabel e 12 de Osmar Terra (RS). A conta de Cunha não bate com a de Mabel, que apregoa ter 41 votos.

Tête à tête
 
A presidente Dilma Rousseff se encontrará hoje com o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva como quem fez o dever de casa e tirou nota dez. A canelada na oposição durante sua fala sobre a redução da tarifa de energia em cadeia de televisão serviu para sinalizar que sua candidatura à reeleição está na rua e afinada com os ânimos do PT. O rumo da prosa foi sugestão de Lula.

Presente

A propósito, Dilma Rousseff (PT) participa hoje das comemorações dos 459 anos da cidade de São Paulo. O prefeito Fernando Haddad (PT), que hoje completa 50 anos, trata como presente de aniversário o comparecimento da presidente à entrega de 300 moradias do programa habitacional Minha Casa, Minha Vida, em Itaquera, zona leste da capital.

Nem aí

Enquanto a cúpula do PSDB esbraveja contra a presidente Dilma Rousseff por causa dos ataques à oposição em cadeia de televisão, o governador tucano Geraldo Alckmin, do PSDB, finge que nada houve e estende um tapete vermelho para recebê-la hoje no Palácio dos Bandeirantes. Vão anunciar a construção do Centro Nacional Paralímpico, em parceria com a Secretaria Estadual dos Direitos da Pessoa com Deficiência.

No vermelho

A Petrobras resolveu divulgar ao mercado, de uma só vez, tanto o desempenho da produção como seu balanço anual. Além de um lucro menor em relação a 2011 em pelo menos 20%, os analistas esperam uma queda de 1% na produção. O lucro da empresa em 2011 foi de
R$ 33 bilhões

Começa assim//

O PT se comprometeu a assumir o rombo de R$ 26 milhões da campanha de Fernando Haddad à Prefeitura de São Paulo. O débito da campanha de Patrus Ananias, em Belo Horizonte, de R$ 4 milhões, também.

Corta essa/ Contrária à criação de um novo partido a partir da união de tucanos ligados a José Serra (PSDB) e membros do PPS, Soninha Francine (PPS) diz que a ideia é um “devaneio”. Argumenta que gosta demais do PPS para se entusiasmar com a proposta de criação de um novo partido.

Reeleição/ O ex-constituinte Aloysio Maria Teixeira e o vice-prefeito carioca Carlos Alberto Muniz ofereceram almoço, ontem, no Copacabana Mar Hotel, ao novo presidente da Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro, Paulo Mello (PMDB-RJ), que ficará no mandato até janeiro de 2014. Mais de 60 parlamentares compareceram à homenagem .

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