terça-feira, 3 de abril de 2012

As greves na floresta

Brasília-DF - Luiz Carlos Azedo
Correio Braziliense - 31/03/2012
 
O governo está cortando um dobrado com os empreendimentos do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC). Como se não bastassem os atrasos nas obras de transposição do Rio São Francisco e de construção da Ferrovia Transnordestina — que tiraram a presidente Dilma Rousseff do sério —, agora o problema é a paralisação das construções de três hidrelétricas no Norte do país: Jirau e Santo Antônio, no Rio Madeira, em Rondônia; e Belo Monte, no Rio Xingu, no Pará.

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Quando a dor de cabeça com as empreiteiras não é o superfaturamento das obras ou o desvio de recursos públicos, surge por causa das péssimas condições de trabalho e dos baixos salários. Ao todo, 43 mil trabalhadores estão de braços cruzados. Somando a usina hidrelétrica de Teles Pires, na divisa de Mato Grosso e Pará, representam um investimento total de R$ 56,6 bilhões.

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Os três canteiros de obras viraram uma praça de guerra devido às greves dos trabalhadores, que ameaçam promover um quebra-quebra como os do ano passado, quando até o Exército interveio para conter os peões revoltados. Dessa vez, foi chamada a Força Nacional, que já cerca os canteiros de obras.

Rebelião

Encarregado de resolver o assunto, o secretário-geral da Presidência da República, Gilberto Carvalho, não consegue pôr fim às greves. Motivo: a petista Central Única dos Trabalhadores (CUT), que controla os sindicatos de trabalhadores das quatro usinas, perdeu o comando sobre a peãozada.
 
Conlutas

Uma nova geração de sindicalistas ligada à pequena Conlutas, a aguerrida central sindical organizada pelo PSTU, assumiu a vanguarda do movimento. São operários especializados que já rodaram os canteiros de obras de todo o país, comunicam-se horizontalmente e têm várias greves nas costas. Como falta mão de obra qualificada, têm mais estabilidade nos empregos.


Veterano

Lembram do José Maria de Almeida, candidato à Presidência da República pelo PSTU? É ele que comanda os sindicalistas do Conlutas. Metalúrgico, participou das greves do ABC de 1978 e foi um dos 10 sindicalistas presos com Lula na época. Zé Maria liderou a greve com ocupação da siderúrgica Mannesmann, em 1989, durante o governo do general João Batista Figueiredo. Fundou o PSTU quando a Convergência Socialista foi expulsa do PT.

A nata// 

Na viagem que fará aos Estados Unidos para um novo encontro com o presidente Barack Obama, em 9 de abril, a presidente Dilma Rousseff visitará o Massachusetts Institute of Technology (MIT), o mais avançado centro de tecnologia do mundo. É para lá que pretende mandar os melhores estudantes brasileiros da rede pública.

Chumbreca

Parece praga de almirante. O petroleiro João Cândido, batizado por Lula em 2010 em homenagem ao marinheiro negro que liderou a Revolta da Chibata, não consegue navegar. Hoje, os técnicos da Samsung farão mais uma tentativa de pôr o motor do navio para funcionar. Na quinta-feira, o barco deixou o cais de acabamento do Estaleiro Atlântico Sul (EAS), em Suape, com a ajuda de rebocadores, mas a prova de mar foi abortada pelo comandante Carlos Augusto Müller.

Resgate

Dois helicópteros e 20 militares brasileiros deixaram Manaus ontem com destino a São Gabriel da Palha, no Norte do Amazonas, para ajudar no resgate de 10 reféns das Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (Farc), sob supervisão do Comitê Internacional da Cruz Vermelha. Quatro militares e seis policiais são os últimos reféns em poder dos guerrilheiros. Um avião cargueiro médio com peças de reposição dos helicópteros e equipe de mecânicos acompanhará a operação, que deve ocorrer neste fim de semana.
 
Doação

O Brasil resolveu ajudar o governo do Equador e o Alto Comissário da ONU para Refugiados (Acnur), que abriga 55.700 refugiados, a maioria, colombiana. Foram doados pelo Itamaraty US$ 500 mil

Invalidez/ A deputada Andreia Zito (PSDB-RJ) comemora a promulgação da emenda constitucional originada da PEC de sua autoria que garante aposentadoria integral aos servidores públicos aposentados por invalidez. A medida corrige uma distorção deixada pela reforma da Previdência de 2003 e resgata um antigo direito dos trabalhadores.

Hidrovia/ A derrocagem, dragagem e sinalização da Hidrovia do Tocantins, bem como das obras do porto de Marabá, foram excluídas do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC). O deputado Arnaldo Jordy (PPS-PA) questiona a decisão do governo, já que a obra possui estudo de viabilidade, projeto básico e licença ambiental.

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