quarta-feira, 15 de fevereiro de 2012

Negócios da China

Brasília-DF - Luiz Carlos Azedo
Correio Braziliense - 15/02/2012
A presidente Dilma Rousseff resolveu exigir dos chineses trocas comerciais mais complementares e menos concorrentes. As relações com a China, que o Brasil reconheceu como uma "economia de mercado", a partir de agora serão tratadas de Estado para Estado, mesmo que os trades brasileiros que lucram com as importações e nossos exportadores para o Império do Meio não gostem dessa interferência.

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Na quarta-feira, coube ao vice-presidente da República, Michel Temer, transmitir o recado do Palácio do Planalto ao vice-premier chinês, Wang Qishan, durante o segundo encontro da Comissão Sino-Brasileira de Alto Nível de Concentração e Cooperação (Cosban). No primeiro encontro, Qishan havia se queixado do cancelamento de um encontro da delegação chinesa com os grandes empresários brasileiros pelo ministro do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, Fernando Pimentel, também por determinação da Presidência.

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Os líderes chineses são conscientes do poder político e econômico que têm. Com o retraimento da economia norte-americana e a crise europeia, jogam pesado para conquistar os mercados da África e da América Latina. Estão sendo bem-sucedidos. A indústria brasileira (calçados e têxtil, principalmente), porém, entrou em xeque com a concorrência chinesa. A presidente Dilma Rousseff se queixou do fato na visita que fez à China, mas de nada adiantou. Sua resposta, então, foi a elevação dos impostos sobre os automóveis importados. Os chineses reclamam. No fundo, têm mais cartas na manga do que o Brasil.

O cara

O presidente da China, Hu Jintao, considerado o homem mais poderoso do mundo pela revista Forbes (desbancou o presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, após a vitória dos republicanos nas eleições para a Câmara dos Representantes), virá ao Brasil em junho para participar da Rio+20. Seu encontro com a presidente Dilma Rousseff balizará o futuro da indústria brasileira.

Superavit

Desde 2009, a China é o maior parceiro comercial do Brasil. Em 2011, as trocas bilaterais alcançaram US$ 77,1 bilhões, com superavit brasileiro de US$ 11,5 bilhões, o equivalente a
14,9% do total

Sírios//

A embaixadora do Brasil na Organização das Nações Unidas (ONU), Maria Luiza Ribeiro Viotti, repudiou ontem a violência e as violações de direitos humanos na Síria. "O governo brasileiro está profundamente preocupado com a rápida deterioração da situação", disse.

De papel

O senador Jarbas Vasconcelos, do PMDB, ex-governador de Pernambuco, criticou a presidente da República, Dilma Rousseff, por causa do atraso nas obras de transposição das águas do Rio São Francisco. Para o parlamentar, "a transposição é prioridade só no papel". Em 2011, apenas 13% dos recursos previstos no Orçamento Geral da União foram destinados à obra.

Martelo

O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva já avisou aos líderes petistas que não quer marola contra a aliança com o prefeito Gilberto Kassab (PSD), que deve indicar o vice do ex-ministro da Educação Fernando Haddad (PT) na disputa pela prefeitura de São Paulo. Lula tem pressa no acordo e Kassab também, por causa de uma eventual e cada vez mais provável candidatura a prefeito do ex-governador tucano José Serra (PSDB). Na cabeça do líder petista, o apoio de Kassab agrega mais votos do que tira. Falta combinar com a senadora Marta Suplicy (PT).

Corrida

A propósito, o ex-governador Alberto Goldman (PSDB) negocia com o governador de São Paulo, Geraldo Alckmin (PSDB), os termos da entrada em cena de José Serra na disputa pela prefeitura da capital. O maior problema são as prévias para a escolha dos candidatos, que têm quatro tucanos em campanha aberta: os secretários Andrea Matarazzo (Cultura), Bruno Covas (Meio Ambiente) e José Aníbal (Energia), além do deputado federal Ricardo Tripoli. Serra, porém, mantém o suspense sobre a candidatura.

Toalha/ O deputado Stepan Nercessian (PPS-RJ) desistiu da candidatura a prefeito do Rio de Janeiro e já negocia uma aliança com o prefeito Eduardo Paes (PMDB), candidato à reeleição. O PPS apoia o governo de Sérgio Cabral (PMDB).

Greve/ Presidente da Comissão de Segurança Pública e Combate ao Crime Organizado (CSPCCO), o deputado federal Mendonça Prado (DEM-SE) se reuniu ontem com as esposas dos policiais militares presos no Rio de Janeiro em razão da greve que haviam convocado. Elas reivindicam que os presos sejam transferidos do presídio de Bangu I para seus respectivos quartéis. A comissão é um reduto
pró-aprovação da PEC 300.

Prejuízo/ O Banco Votorantim, comprado pelo Banco do Brasil, que tem metade das ações, fechou o quarto trimestre com R$ 656 milhões de prejuízo e perdas no ano de R$ 210 milhões. O negócio custou ao BB R$ 4,2 bilhões e está sendo questionado na cúpula do governo.

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