quinta-feira, 8 de setembro de 2011

O dia da pátria

Por Luiz Carlos Azedo
Com Leonardo Santos

Foi um 7 de setembro diferente em Brasília. Primeiro, uma mulher comandou a maior festa cívica do país. Mais do que isso, uma ex-oposicionista que foi presa e torturada durante o regime militar. Segundo, houve ampla participação popular, seja no desfile cívico-militar, seja na marcha contra a corrupção convocada pelas redes sociais. Mas não houve protestos contra a presidente Dilma Rousseff.

Quando o comandante militar do Planalto, general de divisão Araken de Albuquerque, um dos mais preparados e destacados de sua geração, solicitou à presidente Dilma Rousseff permissão para iniciar e encerrar os desfiles, seu gesto foi mais do que protocolar. Era uma demonstração de que o Brasil vive uma ordem democrática consolidada e de que a igualdade de gênero, num país de formação machista, é factível em todos os setores de atividade. Nesse aspecto, foi emblemática a numerosa presença das mulheres da Marinha, do Exército e da Aeronáutica no desfile.

Um capítulo à parte foi a manifestação popular contra a corrupção. Começou timidamente, com 400 ativistas que a organizaram, mas terminou reunindo quase 40 mil pessoas. Convocada pelas redes sociais com apoio da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) e da Associação Brasileira de Imprensa, uma multidão, jovens na maioria, protestou sem quaisquer incidentes. Após o desfile militar, foi inevitável a confraternização dos ativistas com o povo que prestigiou a parada militar na Esplanada.

Emoção //

Ao lado do ministro da Defesa, Celso Amorim, da filha, Paula, e de seu neto, Gabriel, a presidente Dilma Rousseff quase foi às lágrimas ao ouvir no palanque oficial a execução do Hino da Independência. Pouco executado nas cerimônias oficiais, era o preferido dos oposicionistas durante o regime militar.


Sucata

O desfile militar foi um retrato do nível de sucateamento das Forças Armadas. A única novidade foi o protótipo do carro de combate Guarani, uma versão modernizada do Urutu, também de fabricação nacional (Iveco/Fiat). O plano de reaparelhamento das Forças Armadas prevê a construção de 3 mil veículos do novo modelo.

Gafe

Por muito pouco o comandante militar do Planalto, general Araken de Albuquerque (foto), não ficou com a mão estendida no ar após a presidente Dilma Rousseff passar em revista as tropas antes do desfile. Ela recebeu a saudação de praxe e se esqueceu do aperto de mãos, deixando-o desconcertado. O cerimonial consertou a gafe e Dilma cumprimentou o militar.

Candidatos

O PT nordestino está para fechar os nomes dos possíveis candidatos para as prefeituras de pelo menos três capitais da Região Nordeste: Fortaleza (CE), Salvador (BA) e Recife (PE). Em Fortaleza, haverá uma disputa interna entre o secretário de governo do Ceará, Waldemir Catanho, o deputado federal Artur Bruno e o deputado estadual Camilo Santana. Disputa interna também deve acontecer em Recife, entre o prefeito João da Costa e o ex-prefeito João Paulo. Já em Salvador, o deputado Nelson Pellegrino (PT-BA) é o candidato de consenso.

Independentes

O PR sugeriu para a ministra de Relações Institucionais, Ideli Salvatti (foto), que o Planalto escolha o deputado Luciano Castro (PR-RR) para relatar, na comissão especial e em plenário, a PEC que prorroga a Desvinculação de Receitas da União (DRU). Apesar da saída da legenda da base aliada, Castro continua como vice-líder do governo na Câmara. Como argumento, o partido adianta aos mais desconfiados que, se Castro for o relator, ficará mais fácil garantir os 41 votos do partido em plenário.

Serviços

Além de alimentos, combustível, vestuário e aluguel, os serviços estão em alta. Com 0,50% de aumento no mês passado, a inflação dos últimos 12 meses no setor (natação, ginástica, hotel, lavagem de carro, etc.) chegou a 8,93%

Racha/ O clima no PDT esquentou desde o último fim de semana. Durante seminário da bancada realizado em Porto Alegre, quando discursava, o deputado Brizola Neto (RJ) dirigiu-se ao presidente da legenda e ministro do Trabalho, Carlos Lupi, para dizer que ele não manda no partido e que o PDT não tem dono. Vai ter troco.

Imposto/ A bancada do PSDB na Câmara deve fechar questão contra a criação de um imposto para financiamento da saúde, no caso, a regulamentação da Emenda 29. A recusa à volta do antigo imposto do cheque (a extinta CPMF) foi anunciada pelo deputado Duarte Nogueira (SP), líder da legenda. A emenda regulamenta a destinação de verbas da União, dos estados e dos municípios para a saúde.

Desgastado/ Quem anda cada vez mais desconfortável dentro do PDT é o deputado Antônio Reguffe (DF), que na semana passada avisou que votará contra a recriação da CPMF, independentemente da orientação da legenda.

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