sexta-feira, 16 de setembro de 2011

Falso amor sincero

Por Luiz Carlos Azedo
Com Leonardo Santos

Um samba antológico do compositor mangueirense Nelson Sargento define muito bem as relações entre a cúpula do PMDB e a presidente Dilma Rousseff, que ontem participou, durante 40 minutos, de uma demonstração de força da legenda, em Brasília. Senadores, deputados, governadores e prefeitos de todo o país lotaram o Centro de Convenções Ulysses Guimarães para afiar as espadas, tendo em vista as eleições municipais de 2012.

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O vice-presidente Michel Temer e a presidente Dilma, mais uma vez, fizeram juras de fidelidade política, que podem ser traduzidas com perfeição pela brevíssima letra do samba intitulado Falso amor sincero: "O nosso amor é tão bonito/ Ela finge que me ama/ E eu finjo que acredito/ O nosso falso amor é tão sincero/ Isto me faz bem feliz/ Ela faz tudo que eu quero/ Eu faço tudo que ela diz/ Aqueles que se amam de verdade/ Invejam a nossa felicidade (Por isso é que eu vivo a dizer)".

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Foi o que aconteceu na quinta crise ministerial do atual governo, na qual o então ministro, Pedro Novais, foi defenestrado do cargo e substituído pelo deputado Gastão Vieira. Ambos são do Maranhão e apadrinhados do presidente do Senado, José Sarney (PMDB-AP), que, mais uma vez, deu as cartas na legenda quando os deputados do partido na Câmara entraram em rota de colisão com Dilma. Todos os candidatos indicados pelo líder do PMDB na Casa, Henrique Eduardo Alves (RN), foram rebarbados pelo Palácio do Planalto.

Lealdade

A presidente Dilma pediu o apoio dos peemedebistas para a aprovação de projetos que aguardam votação no Congresso. E elogiou o trabalho de Michel Temer, dizendo que ele tem atuado com "eficiência" e "lealdade", tanto nas questões do governo, quanto na articulação política. Também fez um afago nas bancadas do partido na Câmara e no Senado.

Coalizão

Durou 27 minutos o discurso de Dilma Rousseff no encontro do PMDB. A plateia só aplaudiu quando ela justificou a importância do partido para a composição do governo. "Muitos acreditam que seria mais fácil comandar um governo de partido único. No nosso país, não é a maneira que gostamos. Somos um governo de coalizão, que exige de nós maior capacidade de articulação política e, também, reflete a pluralidade e a complexidade próprias da sociedade brasileira e características participativas da nossa democracia", disse.

Estranhamento

Os caciques do PMDB, nos bastidores, não poupam a presidente Dilma Rousseff de críticas quanto a sua dificuldade para se relacionar com os políticos. Ontem, por exemplo, ao saudar os governistas que prestigiaram o encontro do PMDB, Dilma esqueceu os nomes dos senadores Marcelo Crivella (PR-RJ) e Gim Argello (PTB-RJ). "Se fosse o Lula, isso aqui viria abaixo", comentou um cacique peemedebista, comparando o discurso da presidente da República com os do antecessor, Luiz Inácio Lula da Silva.

Tocaios

O governador do Rio de Janeiro, Sérgio Cabral, do PMDB, e o presidente da Petrobras, Sérgio Gabrielli, estão em rota de colisão. Ontem, a Petrobras anunciou que entrará na Justiça caso o Congresso Nacional aprove a proposta de Cabral que prevê o aumento da participação especial dos estados nas receitas de petróleo, encargo que as empresas pagam com base no lucro da exploração de cada campo petrolífero ativo. A proposta mantém o atual nível de arrecadação de royalties dos estados e municípios produtores do insumo, garantindo receita adicional aos não produtores.

Fica

O representante da União no conselho da Autoridade Pública Olímpica (APO), Henrique Meirelles, fez chegar ao Planalto a informação de que não integrará o Comitê Organizador Local da Copa do Mundo. Aos mais próximos, Meirelles sinalizou que está satisfeito com a tarefa que recebeu da presidente Dilma Rousseff: representá-la na organização dos Jogos Olímpicos junto ao governo estadual e à prefeitura do Rio de Janeiro.

Royalties

O pagamento de royalties e da participação especial pelas petrolíferas está previsto na Lei do Petróleo (n° 9.478/97) e consta dos contratos de concessão. Nos termos atuais, representou, para os estados, em 2010, R$ 19 bilhões em royalties e participações especiais — principalmente ao Rio de Janeiro. Em 2020, poderão pagar cerca de R$ 45 bilhões

Fosco/ O pré-candidato à prefeitura de São Paulo Gabriel Chalita não empolgou os militantes do PMDB ao falar no encontro de ontem do partido. Depois do discurso da presidente Dilma Rousseff, metade do público se dispersou, o que acabou prejudicando o deputado paulista, nova estrela da legenda.

Esquece!/ Uma das ausências notadas no seminário do PMDB realizado ontem em Brasília foi a do ex-ministro do Turismo Pedro Novais. Seu nome nem sequer foi mencionado durante a presença da presidente Dilma Rousseff.

Controle//

Antes mesmo de tomar posse como ministro do Turismo, Gastão Vieira ligou para o ministro-chefe da Controladoria-Geral da União, Jorge Hage, pedindo um encontro para que Hage indique um nome para a Assessoria Especial de Controle Interno do Turismo. Gastão quer que o CGU tenha livre trânsito na fiscalização das contas da pasta.

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