domingo, 24 de abril de 2011

Saudades de Meirelles

Por Luiz Carlos Azedo
Com Leonardo Santos

O mercado financeiro anda com saudades do ex-presidente do Banco Central, Henrique Meirelles. Critica o alinhamento do atual presidente da instituição, Alexandre Tombini, com o ministro da Fazenda, Guido Mantega. Queixa-se de que o governo vacila em elevar a taxa de juros, que já está em 12%, para combater com mais eficácia a inflação.

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Pura perda de tempo. Se fosse para a emulação entre a Fazenda e o BC continuar no pós-Lula, Meirelles não teria saído do cargo. Mantega e Tombini estão afinados com a orientação da presidente Dilma Rousseff, que tem um olho na inflação e o outro na taxa de crescimento. Por isso, o dólar também continuará flutuando, embora o governo esteja de fato muito preocupado com a situação do câmbio.

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A estratégia de Tombini para reduzir o crédito sem elevar ainda mais os juros é mexer no compusório, uma fórmula que vem sendo usada desde 2002. O compulsório lida com riscos excessivos do sistema financeiro, mas também afeta a demanda agregada de crédito, que subiu de 25% para 50% do PIB. O governo também colocou e retirou o IOF sobre capitais estrangeiros várias vezes nos últimos anos para administrar o câmbio. Segundo o BC essa não é uma novidade heterodoxa, como insinuam alguns analistas.

Confusos

O fato, porém, é que o mercado financeiro ficou mais confuso com a recente decisão do Comitê de Política Monetária (Copom) de elevar os juros em 0,25%, em vez de 0,50%, como muitos esperavam. Recentemente a Turquia baixou os juros para segurar o câmbio e lançou mão dos compulsórios para combater a inflação. A China faz a mesma coisa. Tombini nega que o governo tenha estabelecido um teto de 12% para a taxa de juros. Diz que o BC aumentará novamente os juros se precisar fazê-lo.

Então tá…

Membro da Executiva do PV, José Carlos Lima da Costa minimiza a exclusão da ex-senadora Marina Silva (foto) das inserções gratuitas da legenda na televisão e no rádio. “Se os temas abordados pelo partido no horário das inserções são consenso e a razão de ser do partido, todas as lideranças devem se sentir representadas nos vídeos e spots de rádio.” Segundo ele, não há disputa entre “a velha cúpula” e o grupo encabeçado pela ex-senadora e o deputado Alfredo Sirkis (RJ). Os deputados federais José Luis Penna (SP) e Sirkis são, respectivamente, presidente e vice do PV. “Marina indicou gente competente para integrar a direção do partido e participa dos debates sobre a nossa reestruturação”, pondera Lima.

Saúde

Mesmo com a invasão do Norte do país pelo oxi, uma substância derivada da cocaína com elevado poder de destruição, o governo não sai da rotina na política de combate às drogas. A queixa é do Conselho Federal de Medicina (CFM), cujo vice-presidente, Carlos Vital Corrêa Lima, considera os recursos previstos para tratar dos dependentes de drogas insuficientes: R$ 400 milhões

Tô fora
Presidente do PPS, o deputado Roberto Freire (SP) descarta a fusão da legenda com o PSDB, a exemplo do que se discute no DEM. Seu partido foi desidratado, mas teve menos baixas do que anunciavam os articuladores do PSD, o novo partido criado pelo prefeito Gilberto Kassab. Saíram três dos 12 deputados da bancada federal. "Já passamos por tempos mais difíceis", justifica.


Justa causa

O senador Clésio Andrade (PR-MG) apresentou consulta ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE) sobre a "justa causa" para desfiliação partidária no caso de criação de um partido político. Quer saber se a regra vale para quem ingressar na legenda depois da fundação. A resolução do TSE prevê as seguintes hipóteses para desfiliação partidária: incorporação ou fusão do partido; criação de novo partido; mudança substancial ou desvio reiterado de programa partidário e grave discriminação pessoal.

Partilha

O senador Walter Pinheiro (foto), do PT-BA, quer rever a “lógica extremamente perversa” de distribuição dos recursos do Fundo de Participação dos Municípios (FPM), resultante do censo feito pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Segundo ele, 42 municípios baianos passaram a receber menos recursos por causa da redução da população, mas são obrigados a executar o orçamento com base na arrecadação do ano anterior.

Leilões/ A próxima rodada de licitações de áreas para exploração do petróleo fora da camada pré-sal deverá ser confirmada na próxima reunião do Conselho Nacional de Política Energética (CNPE), prevista para quinta-feira. Os leilões não são realizados desde 2008. Serão oferecidos blocos para contratos de risco do Rio Grande do Norte ao Amapá. Há expetativa de petróleo leve e gás natural nessas áreas.

Leitura/ Hoje é o Dia Mundial do Livro. Para celebrar a data e fomentar investimentros em bibliotecas, a Fundação Biblioteca Nacional, presidida pelo escritor Galeno Amorim, presenteou 30 autoridades brasileiras com livros autografados. O governador do Distrito Federal, Agnelo Queiroz, por exemplo, ganhou um exemplar de José Alencar, amor à vida (Sextante), da jornalista Eliane Cantanhede.
 
Coluna Brasília/DF de sábado, dia 23 de abril, no Correio Braziliense

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