quarta-feira, 30 de março de 2011

O aliado fiel

Por Luiz Carlos Azedo
Com Leonardo Santos
Foi uma morte anunciada, a de José Alencar, o ex-vice-presidente da República que nos últimos oito anos era sinônimo de esperança e fé para a maioria dos brasileiros. Nas redações dos jornais, a cada internação, seu obituário era atualizado. Inutilmente. Ele sempre deixava o quarto de enfermo sorridente, sem medo da morte em sua luta contra o câncer nos intestinos. “Quando Ele quiser, eu vou”, dizia sempre. Ontem não houve uma nova cirurgia. Ele se foi.

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Qual a importância de José Alencar na política brasileira? Não foi pequena. Sem a companhia do dono da Coteminas na chapa, em 2002, dificilmente o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva teria quebrado a resistência que enfrentava em setores do empresariado e da classe média por causa de seu próprio radicalismo em eleições anteriores. Essa avaliação é do próprio Lula e dos líderes do PT.

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Mas há um outro momento histórico a ser levado em conta: o papel de José Alencar na crise do mensalão, quando o PT e seus aliados fisiológicos foram alvos de uma CPI no Congresso que resultou em renúncias de parlamentares e cassações de mandato. O empresário mineiro teria tudo para se envolver em conspirações a favor do impeachment de Lula, era o ministro da Defesa. Mas não vacilou. Foi seu aliado mais fiel.

Lista//

A proposta de eleição proporcional com lista fechada foi aprovada ontem na Comissão de Reforma Política do Senado. Para o senador Aécio Neves (PSDB-MG), não houve tempo suficiente para que a proposta fosse debatida antes de ser votada. Por isso, ele pretende levar a discussão ao plenário.

Descarrilou

Os líderes da base aliada do governo foram avisados ontem da morte do ex-vice-presidente da República José de Alencar durante reunião do colegiado. Discutiam a inclusão na pauta da Câmara da MP nº 511, que trata da construção do Trem Bala. A proposta está sendo muito contestada pela oposição e não faz sucesso na base do governo. A MP pode caducar.

Resistência

O líder do governo na Câmara, deputado Cândido Vaccarezza (foto), do PT-SP, se lembrou do dia em que o ex-vice-presidente José Alencar subiu ao palco para o primeiro comício ao lado de Lula em uma campanha para a presidência da República. Vaccarezza conta que a ala mais radical do partido olhava para Alencar com resistência. Mas a desconfiança acabou logo depois das primeiras palavras de Alencar.

Parado

O Congresso parou ontem com a notícia da morte de José Alencar. Nesta semana, já não se aprovará mais nada na Câmara, talvez alguma coisa no Senado. Não será apenas por causa do luto fechado de sete dias decretado pelo presidente da República em exercício, Michel Temer (PMDB). A base do governo está muito desmotivada em virtude do corte nas emendas parlamentares. Se não houver um fato novo na liberação de emendas, promete-se mais corpo mole na próxima semana.

Nem aí

Pesado o tom adotado pelo deputado Jair Bolsonaro (PP-RJ) ao se justificar sobre resposta com conotação racista dada à apresentadora Preta Gil num programa de televisão. Bolsonaro disse que não havia entendido a pergunta, mas não está preocupado com o eleitor que quer ser chamado de bonitinho nem quer voto de ignorante. A apresentadora quer processá-lo. Bolsonaro diz que está disposto a discutir o caso no Conselho de Ética da Câmara.

Fracasso


Fracasso total a reunião convocada pelo governo para tratar dos protestos de trabalhadores em canteiros de obras do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC). Sindicalistas e empresários da construção civil não chegaram a um acordo. O governo fará uma nova reunião amanhã. Em Rondônia, Pernambuco e Espírito Santo já são 78 mil grevistas

Produção

Com um ministro a menos desde a aposentadoria de Eros Grau, no ano passado, o Supremo Tribunal Federal (STF) julgou um número menor de processos ao longo de 2010. Foram 103.869 casos analisados, contra 121.316 em 2009. O quadro de togados só se completou neste mês, com a posse do ministro Luiz Fux . O levantamento da movimentação processual do STF faz parte do Anuário da Justiça Brasil 201 — feito em parceria pela Fundação Armando Alvares Penteado (FAAP ) e pelo portal Consultor Jurídico — que será lançado amanhã no STF.

Toga/ A presidente Dilma Rouseff pode escolher amanhã o nome do novo ministro a compor o Superior Tribunal de Justiça (STJ). O advogado sergipano Carlos Alberto Menezes, 56 anos, é o mais cotado. Foi preso e torturado durante os anos de chumbo e tem apoio do governador petista Marcelo Déda.

Feriado/ Houve ontem na Câmara dos Deputados quem reclamasse do cancelamento das sessões de toda a semana por conta da morte do ex-vice-presidente José Alencar. A queixa era de que alguns parlamentares se aproveitariam do fato para comprar suas passagens de volta para os estados ainda hoje.

A perigo/ O embaixador do Brasil no país, George Ney de Souza Fernandes, único diplomata brasileiro que permanece na Líbia, está no maior sufoco. Não consegue sacar o dinheiro depositado no Banco do Brasil por causa das sanções aprovadas pela ONU. O Itamaraty vai despachar um funcionário para levar os recursos em espécie.

Frente/ A senadora Marta Suplicy (PT-SP) e o deputado federal Jean Wyllys (PSOL-RJ) lançaram ontem a Frente Parlamentar Mista pela Cidadania LGBT (Lésbicas, Gays, Bissexuais e Transexuais) no Senado e na Câmara. Participam as senadoras Marinor Brito (PSol-PA) e Lídice da Mata (PSB-BA), além dos deputados Artur Bruno (PT-CE), Dr. Rosinha (PT-PR), Manuela D"Ávila (PCdoB-RS), Érika Kokay (PT-DF), Fátima Bezerra (PT-RN) e Janete Rocha Pietá (PT-SP).

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