quarta-feira, 9 de fevereiro de 2011

Cadeiras e arquibancadas

Por Luiz Carlos Azedo
Com Leonardo Santos

Uma das características do modo lulista de governar era jogar para a arquibancada. Mais do que isso, abduzir a capacidade de representação do Congresso e atrair para os conselhos e conferências patrocinadas pelo Executivo as negociações conflituosas da sociedade. Com isso, o “esvaziamento” dos partidos e de seus políticos, e da grande política no parlamento, foi inevitável. De certa forma, com a contribuição da mídia, que se encarregou de representar a turma das cadeiras numeradas.


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Ontem, membros de movimentos indígenas e organizações não governamentais ocuparam quatro faixas da via que dá acesso à Praça dos Três Poderes, na Esplanada dos Ministérios. Protestavam contra a construção da usina hidrelétrica de Belo Monte, no Rio Xingu, no Pará. Foram ao Palácio do Planalto para entregar um manifesto contra a construção da usina, no qual denunciam também supostas irregularidades no licenciamento de outras barragens. É a turma das cadeiras numeradas.

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Na próxima semana, provavelmente, começará a mobilização da galera da arquibancada. As centrais sindicais prepararam manifestações de protesto e caravanas para lutar por um salário mínimo de R$ 580. A cúpula da Central Única dos Trabalhadores (CUT) faz corpo mole, mas a base está muito pressionada por militantes de outros partidos que atuam nos sindicatos, como o PSol e o PSTU. Daí a pressa do governo para votar logo o aumento no Congresso.

Invasão//

O senador Gim Argello (PTB-DF) fez um “puxadinho” em seu gabinete no Senado e ocupou parte da passagem que liga o 14º andar dos edifícios da Câmara e do Senado no Congresso Nacional. O lugar deveria funcionar como passagem de emergência em caso de incêndio.

Negociador

O papel de negociador das relações com os movimentos sociais no governo Dilma Rousseff não é uma tarefa da presidente da República. Está a cargo do habilidoso e discreto secretário-geral da Presidência da República, Gilberto Carvalho (foto). Na linguagem futebolística, seu perfil é de meia-armador e não de um goleador que invade a zona do agrião e decide o jogo, como gostava de fazer o presidente Lula.

Sindicalista

O presidente da Câmara, deputado Marco Maia, teve ontem uma longa conversa com a presidente Dilma Rousseff, mas não tratou do salário mínimo. Segundo ele, o tema não entrou na conversa porque a presidente da República não tocou no assunto. Ex-metalúrgico, Maia é mais sensível aos movimentos sociais do que o seu antecessor, o vice-presidente da República, Michel Temer. E trabalha para recuperar a capacidade de representação e negociação do Congresso nos movimentos sociais.

Mineiro

O ex-governador de Minas Aécio Neves (PSDB) chegou ao Senado como naquele samba de bamba: “devagar, miudinho, devagarinho”. Não está com pressa de fazer seu discurso da tribuna, não tem uma agenda pronta e acabada, não pretende brilhar mais do que outros cardeais da Casa. Observa a movimentação da base do governo. Sua única preocupação, no momento, é com a reforma política. Em sua opinião, se ela não for debatida neste semestre, ficará perdida no espaço.

Na janelinha

Os senadores Eunício de Oliveira (PMDB-CE), Eduardo Braga (PMDB-AM) e Ricardo Ferraço (PMDB-ES) acabam de chegar ao Senado, mas já sentaram na janelinha. Foram indicados pelo líder do PMDB, Renan Calheiros (AL), para presidir as comissões de Constituição e Justiça; de Ciência e Tecnologia; e de Educação, Cultura e Esporte, respectivamente. Velhos caciques da legenda estrilam.

Audiência

Líder do PPS, o ex-presidente Itamar Franco (MG) estreou ontem na tribuna do Senado e formalizou a proposta de convidar o ex-governador José Serra (PSDB), ex-candidato tucano a presidente da República, para explicar os fundamentos de sua proposta eleitoral de um salário mínimo de R$ 600

Perdeu

Ex-prefeito de Nova Iguaçu, Lindbergh Faria (PT-RJ) ainda não desistiu de disputar a Comissão de Infraestrutura do Senado, mas já perdeu a primeira batalha: para a escolha das presidências das comissões, os líderes resolveram adotar o critério da proporcionalidade entre as bancadas e não entre os blocos partidários. Com isso, o PSDB terá direito a optar pela Comissão de Infraestrutura, que pretende transformar em trincheira da oposição. A alternativa do ex-cara-pintada é chutar o pau da barraca e disputar a Presidência da comissão no voto.

Monocrático/ O presidente do Senado, José Sarney (PMDB-AP), nomeou a nova diretora-geral do Senado e pôs fim à disputa pelo cargo na alta burocracia da Casa. Será Doris Marize Peixoto, que ocupava a Diretoria de Recursos Humanos. Substituirá Haroldo Tajra, que assumirá o comando do Interlegis. Doris foi chefe de gabinete da ex-senadora Roseana Sarney (PMDB), atual governadora do Maranhão.

Esportiva/ Deputados ex-atletas estão se articulando para garantir vaga na Comissão de Turismo e Desporto da Câmara. O ex-goleiro Danrlei de Deus (PTB-RS), que no passado sofreu com os gols de Romário (PSB-RJ), hoje faz tabela com o baixinho na política.



Posse/ Sérgio Sampaio tomou posse ontem na Secretaria-Geral da Mesa da Câmara dos Deputados. Era o diretor-geral da Casa. Assume a vaga no lugar de Mozart Viana, que desde ontem passou a assessorar o senador Aécio Neves (PSDB-MG).

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