quarta-feira, 5 de janeiro de 2011

Espadas afiadas

Por Luiz Carlos Azedo
Com Leonardo Santos

A cúpula do PMDB já mandou o recado: não aceita novos avanços sobre os espaços conquistados pelo partido no governo Lula, como os que foram patrocinados pelo PT nos ministérios da Saúde e das Comunicações e, pelo PSB, no Ministério da Integração Nacional. Nas palavras de um cardeal da legenda, “estava tudo congelado, o PT descongelou uns pedaços e depois os congelou novamente, mas na sua geladeira”. Os dois partidos ainda se digladiam por cargos no governo.

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A ordem de parar com o avanço petista sobre os cargos de segundo e terceiro escalões partiu da presidente Dilma Rousseff, que farejou o perigo que isso representa para o seu governo. Ainda mais porque o PT ocupa 16 ministérios e o PMDB, apenas seis. Os dois partidos têm forças equivalentes no Congresso, mas o PMDB perdeu na escalação dos ministros e começou a perder na montagem de suas equipes.

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Um bom exemplo da tensão entre as duas legendas foi o chega-pra-lá que o vice-presidente Michel Temer deu no secretário-geral da Presidência, Gilberto Carvalho, em plena reunião de coordenação de governo, quando este defendeu a manutenção do atual presidente da Conab no cargo, o petista Sílvio Porto, com o argumento de que era preciso evitar que antigos problemas se repetissem. Temer estrilou porque o atual ministro da Agricultura, Wagner Rossi, seu apadrinhado, era o ocupante anterior do cargo.

Mínimo

O governo considera temerário aumentar o mínimo para mais de R$ 540. “Se vier alguma coisa diferente, nós vamos simplesmente vetar”, adverte o ministro da Fazenda, Guido Mantega. O líder do PMDB Henrique Eduardo Alves (foto), do RN, porém, quer mais explicações sobre as razões de não conceder um reajuste maior. Na Câmara, há um movimento para aumentar o mínimo para R$ 560

Tô fora

Candidato derrotado ao Senado, o ex-deputado estadual Jorge Picciani, presidente do PMDB fluminense, foi sondado pela cúpula do PMDB sobre uma eventual indicação para um dos cargos mais importantes no Ministério de Minas e Energia, a presidência de Furnas Centrais Elétricas. Por incrível que pareça, o cacique do PMDB fluminense refugou. Disse que prefere ficar longe de confusão e cuidar da organização da legenda no Rio de Janeiro.

Jogo duro

Traumatizado em razão dos fatídicos deslizamentos de encostas nas principais cidades do estado, o governador do Rio de Janeiro, Sérgio Cabral (foto), do PMDB, conclamou os prefeitos fluminenses a combaterem a ocupação irregular dos morros. Vai também exigir mais rigor em relação aos projetos de urbanização de favelas para liberar os financiamentos.

Otimismo

O novo ministro de Assuntos Estratégicos, Moreira Franco, recebeu de seu antecessor, embaixador Samuel Pinheiro Guimarães, um plano de metas a serem alcançadas até 2022, ano do bicentenário da Independência. Ao contrário de outros antecessores, que trabalhavam com cenários, Pinheiro não fez um plano B para o caso de a economia brasileira crescer a uma taxa média diferente de 5%.

Polêmica

O suplente de deputado federal Francisco Escórcio (PMDB-MA) deve assumir mandato na Câmara, a partir de fevereiro, no lugar do ministro do Turismo, Pedro Novais. Pretende trazer de volta ao Congresso o debate sobre a criação do estado do Planalto Central, incorporando as regiões do Entorno. A iniciativa já foi levada ao Senado na década de 1990, mas não vingou.

Recesso

O mandato dos parlamentares brasileiros que compõem o Parlasul (o parlamento do Mercosul) expirou no último dia 31 e não houve recondução. Muitos deputados e senadores não foram reeleitos.

Entrevista/ O ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo, será sabatinado, hoje, no programa 3 a 1, da TV Brasil, que irá ao ar às 22h. Na pauta, o caso Batistti e o pacto sobre segurança pública com os governadores para combater o tráfico de drogas e a violência.

Arquivos/ A Associação dos Arquivistas Brasileiros encaminhou um apelo ao ministro da Casa Civil, Antonio Palocci, para que o Arquivo Nacional continue na alçada da pasta, que deu novo status ao órgão. Criado em 1838, é o mais importante órgão de preservação da memória nacional. Palocci quer transferi-lo para o Ministério da Justiça.

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