terça-feira, 2 de novembro de 2010

Strike na Esplanada

Por Luiz Carlos Azedo
Com Leonardo Santos


O salve-se-quem-puder na Esplanada começou no dia seguinte à eleição de Dilma Rousseff. A maioria dos ministros até gostaria de ficar, mas o ambiente na cúpula petista é de que ninguém tem cadeira cativa na equipe do próximo governo, nem mesmo aqueles que apresentam o melhor desempenho. Não será surpresa se Dilma fizer um strike e substituir todos os ministros para dar ao novo governo a sua cara.

Por incrível que pareça, os mais preparados para isso são os petistas, acostumados a fazer a fila andar desde quando o presidente Luiz Inácio Lula da Silva deixou a presidência da sigla. Os que já estão praticamente fora do ministério são os interinos, de fácil remoção, como o atual chefe da Casa Civil, ministro Carlos Eduardo Esteves. O mais cotado para a pasta é o ex-ministro da Fazenda Antônio Palocci, que assumiu a coordenação técnica da transição. Fala-se também no nome do ministro do Planejamento, Paulo Bernardo, que deixará a pasta.

Os secretários-executivos que viraram ministros quando o titular saiu para disputar as eleições já podem arrumar as gavetas. É o que acontece com o atual ministro da Justiça, Luiz Paulo Barreto, que substituiu Tarso Genro - agora governador eleito do Rio Grande do Sul -, apesar da boa atuação como bombeiro nas crises da campanha. O deputado José Eduardo Cardozo (PT-SP), outro coordenador de Dilma, de quem virou uma sombra, é o mais cotado para a pasta, a não ser que seja nomeado ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) pelo presidente Lula.

Mobília

Quem faz parte da mobília no Palácio do Planalto é o chefe de gabinete do presidente Lula, Gilberto Carvalho, um dos quadros mais afáveis da cúpula petista. Hoje, é o único que entra na sala do presidente da República sem ser anunciado, e é o interlocutor preferido de nove entre 10 governadores de estado pela boa vontade com que lida com os seus pedidos. As apostas são de que será o novo secretário-geral da Presidência da República, por sugestão do presidente Lula.

Comandante

Dilma não tem um nome para o lugar do ministro da Defesa, Nelson Jobim, que foi o mais bem-sucedido na pasta desde a sua criação. Graças à experiência política do ex-presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), todos os conflitos do governo com as Forças Armadas foram resolvidos ou neutralizados. Ex-integrante de uma organização guerrilheira, Dilma foi torturada e passou três anos na prisão. Agora virou comandante suprema do Exército, da Marinha e da Aeronáutica. Não vai querer agitação na caserna.

Das cinzas

Dilma nomeou o ex-prefeito petista de Belo Horizonte Fernando Pimentel um dos seis integrantes de sua equipe de transição. Ficou assim: o ex-ministro da Fazenda Antônio Palocci e Pimentel cuidarão das relações com os ministros; o presidente do PT, José Eduardo Dutra, e o deputado José Eduardo Cardozo (PT-SP), dos políticos; o assessor especial da Presidência Marco Aurélio Garcia, das relações internacionais; e Clara Ant, dos compromissos de campanha.

Padrinho

Durante a campanha, quando decidiu continuar na Presidência do Banco Central, Henrique Meirelles acabou se cacifando. A permanência no governo, mesmo podendo disputar o governo de Goiás, foi um gesto importante. Hoje, acredita que Lula será seu padrinho nas pretensões políticas.

Derrubada

Os "imexíveis" também estão na berlinda. O ministro da Fazenda, Guido Mantega, por exemplo, depende de um pedido do presidente Lula a Dilma para permanecer no cargo. É muito forte o lobby a favor de que o presidente do BNDES, Luciano Coutinho, ocupe a pasta. Um dos que supostamente defendem a mudança seria Palocci, homem forte do mercado junto à campanha. Coutinho é um dos maiores especialistas em política industrial do país.

Fortalecido

O secretário de Política Econômica do Ministério da Fazenda, Nelson Barbosa, elo de ligação entre o Ministério da Fazenda e a campanha de Dilma, é outro nome cotado para o lugar de Guido Mantega. Nos bastidores do PT, é apontado como homem de confiança de Dilma e uma espécie de curinga para a área econômica, pois também poderia ocupar o lugar de Coutinho no BNDES.

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