sábado, 30 de outubro de 2010

Go home

Por Luiz Carlos Azedo
Com Leonardo Santos


A campanha eleitoral chega aos finalmentes com um viés político nacionalista resgatado dos anos 1960. Do ponto de vista econômico, seu viés está mais próximo do projeto desenvolvimentista dos anos 1970. O primeiro era marca registrada do nosso populismo trabalhista; o segundo, do autoritarismo de caserna. Nenhum dos dois deu certo.

Agora, na reta final, a campanha eleitoral envereda por esse caminho por pura esperteza do marqueteiro de Dilma Rousseff (PT). O de José Serra (PSDB) aceitou o trololó e resolveu disputar o campeonato de nacionalismo chauvinista para ver quem é mais entreguista e privatista. Nem a Petrobras correu risco de privatização nas eleições, nem o pré-sal será mais brasileiro porque mudamos o modelo de exploração do petróleo do regime de concessões para o sistema de parceria. Isso é pura mistificação.

Desde a Independência, felizmente, o Brasil sofre forte influência da democracia americana. Na proclamação da República, nos autodenominamos Estados Unidos do Brasil. No final do Estado Novo,com a entrada do Brasil na guerra contra o Eixo - Alemanha, Itália e Japão -, o americanismo tornou-se definitivamente hegemônico no Brasil. Sem ele, não haveria industrialização, consumismo e cultura pop. Isso não tem nada a ver com falta de patriotismo, mas com capitalismo e estilo de vida Ocidental. Simples assim.

Pelo mundo


Nosso ponto de referência do Oriente é Lisboa, que mira o Ocidente nos versos de Fernando Pessoa. Para a esmagadora maioria dos brasileiros, nunca foi Moscou, muito menos Pequim. Nenhum brasileiro tampouco gosta de se ver comparado aos demais países latino-americanos, nem mesmo à Argentina, o mais metido a europeu dos nossos vizinhos. Nossa classe média gosta de Nova York e de Miami; a elite prefere Paris e Roma. A esquerda ainda curte o charme caribenho de Havana.

O cara e o negão

É uma idiossincrasia. O presidente Luiz Inácio Lula da Silva não gosta de Barack Obama , o presidente dos Estados Unidos. Tinha um relacionamento melhor com George W. Bush, o senhor da guerra que pôs os ianques na enrascada do Iraque e levou o império à maior crise econômica desde 1929. Não perde uma oportunidade de fazer contraponto com Obama, a quem não perdoa por causa do episódio do acordo com o Irã, cuja negociação foi iniciada a pedido do colega norte-americano. Lula acabou desautorizado pela Casa Branca. O brasileiro considera Obama refém da secretária de Estado, Hillary Clinton e do ex-presidente democrata Bill Clinton.

Vamos votar

O presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), ministro Ricardo Lewandowski, fará hoje à noite seu último pronunciamento antes da realização do segundo turno. Em cadeia nacional, pedirá aos eleitores para não viajar no feriado e participar do pleito.

Estrangeiros

Mais de 200 mil brasileiros foram cadastrados pelo Tribunal Superior Eleitoral para votar fora do Brasil. A maior parte deles está nos Estados Unidos, onde o número de eleitores é de 66 mil

Exterior

A eleição presidencial aqui no Brasil começa pela Nova Zelândia, às 17h de sábado. O primeiro lugar a registrar o voto de brasileiros será o município de Wellington. Em seguida, será a vez da Austrália, do Japão e da China. O processo de votação será finalizado em São Francisco, nos Estados Unidos, às 22h do horário de Brasília.

Estilos

Nos bastidores da campanha de Dilma Rousseff, começou uma disputa entre o ex-ministro da Fazenda Antônio Palocci, principal interlocutor da candidata petista no mercado, e o secretário de Política Econômica do Ministério da Fazenda, Nelson Barbosa (foto), porta-voz da equipe econômica no grupo que elabora o programa de governo. Em linguagem futebolística, um joga para a arquibancada e o outro para o time. A polêmica sobre a meta de redução da dívida pública líquida para 30% f az parte do jogo.

Quer ficar


O ministro da Saúde, José Gomes Temporão, ganhou o apoio dos governadores da Bahia, Jaques Wagner (PT), reeleito, e do Rio Grande do Sul, Tarso Genro (PT), recém-eleito, para permanecer na pasta, onde integra a cota do PMDB, caso Dilma Rousseff seja eleita. O secretário de Saúde do Rio de Janeiro, Sérgio Cortes, está de olho no cargo. Temporão foi indicado para o cargo pelo governador fluminense, Sérgio Cabral (PMDB).

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