sexta-feira, 17 de setembro de 2010

Morreu

Por Luiz Carlos Azedo
Com Leonardo Santos

Não existe batalha sem defuntos de ambos os lados. A ex-ministra da Casa Civil Erenice Guerra não suportou o bombardeio da oposição e da mídia. Mas a bala que atingiu seu coração partiu das trincheiras governistas. Não se sabe ainda se o "fogo amigo" foi de algum petista interessado em removê-la da posição no futuro governo ou de algum peemedebista inconformado com suas mexidas na diretoria dos Correios (estatal que virou casa de marimbondos no governo Lula).

O atestado de óbito de Erenice registra suicídio. Na versão oficial, a ministra chamou os colegas Gilberto Carvalho, chefe de gabinete do presidente Lula, e Franklin Martins, ministro da Comunicação Social, a sua casa, ontem pela manhã, e lhes disse que estava deixando o cargo. Não teria aguentado a pressão sobre os familiares, a começar pelo filho Israel, pivô do caso que revelou suas relações de clientela e nepotismo.

Porém, a morte de Erenice - politicamente falando, é claro - ocorreu na quarta-feira à noite, quando sua protetora no governo, Dilma Rousseff (PT), cancelou a viagem que faria ao Ceará e também não foi ao jantar de adesão à candidatura do petista Agnelo Queiroz, em Brasília. Foi convocada pelo presidente Lula ao Palácio da Alvorada para uma conversa na qual decidiram defenestrar Erenice. Coube a Dilma mandar o recado para que a ministra apresentasse o pedido de demissão.

Couraça

No governo ainda há quem avalie que Erenice Guerra deveria ter resistido no cargo de ministra-chefe da Casa Civil. As denúncias contra seu filho, seu marido e outros envolvidos são consideradas inconsistentes. Nas famílias de funcionários públicos, argumentam, de cada três parentes, dois trabalham na União ou no GDF ou prestam algum serviço para o Estado. Se um deles for ministro e outro fizer uma trapalhada, o caso vira escândalo nacional.

Sangue

Os tucanos lamentam que a ex-ministra da Casa Civil Erenice Guerra tenha caído cedo demais. A avaliação é que sua demissão estancou um sangramento eleitoral na campanha da petista Dilma Rousseff que poderia ser decisivo para levar as eleições presidenciais ao segundo turno.


Ciclo

A oposição aproveitou as denúncias contra a ex-ministra Chefe da Casa Civil Erenice Guerra para atacar Dilma Rousseff. Para o líder do DEM na Câmara, o deputado catarinense Paulo Bornhausen, a Casa Civil se transformou em cérebro da corrupção do governo Lula. Na avaliação de Bornhausen "É um ciclo: começou com o Zé Dirceu, terminou com a Erenice. Resta saber se a Dilma não é um hiato", diz.

Sabia

Na avaliação do líder do PSDB na Câmara, o baiano João Almeida (foto), Dilma seria no mínimo incompetente se não soubesse das irregularidades que se passavam na sala de sua secretária executiva enquanto era ministra. Para Almeida, "é muito parecido com a relação de Lula e Zé Dirceu quando explodiu o escândalo do mensalão".

Solidário

O líder do governo na Câmara, Cândido Vaccarezza, de São Paulo, procurou minimizar as denúncias contra Erenice Guerra. Para o petista, os fatos são referentes ao filho dela, Israel Guerra. O deputado acusa a oposição de fazer uso eleitoreiro do caso.

Há vagas

Em agosto, foram gerados no Brasil 299.415 novos empregos com carteira assinada, recorde absoluto para o período, segundo dados do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged) do Ministério do Trabalho e Emprego. Somente neste ano, foram criados 1.954.531 empregos

Extinto

O ex-deputado federal José Janene (PP), falecido na madrugada da última terça-feira, em São Paulo, teve a punibilidade extinta na ação penal do mensalão, que corre no Supremo Tribunal Federal (STF). Na semana passada, o ministro Gilmar Mendes havia pedido vista em um pedido do parlamentar de inclusão de testemunhas no processo. Dos 40 denunciados, restam 38 a serem julgados. O ex-secretário geral do PT Sílvio Pereira teve a ação suspensa para cumprir pena alternativa.

Cadê?

O senador José Sarney (PMDB-AP) até hoje não apareceu no programa da filha Roseana, candidata à reeleição ao governo do Maranhão. Desafeto do clã, o ex-governador José Reinaldo (PSB), que concorre ao Senado, desafia o ex-presidente da República a gravar um depoimento na tevê pedindo votos para a filha.

Pobreza / O Centro Internacional de Políticas para o Crescimento Inclusivo (CIP-CI-Pnud) promove hoje a mesa redonda "O desafio da redução da pobreza: compartilhando experiências internacionais". É parte da campanha mundial Levante-se e faça suaparte contra a pobreza, cujo objetivo é mobilizar os jovens.

Programa / O programa de José Serra será debatido hoje na Câmara Portuguesa de Comércio no Brasil por seu coordenador, Xico Graziano. O governador Alberto Goldman (PSDB) e o prefeito de São Paulo, Gilberto Kassab (DEM), confirmaram presença.

Intercâmbio / Presidente da Comissão Especial de Segurança Pública da Copa de 2014 e dos Jogos Olímpicos de 2016, o secretário executivo do Ministério da Justiça, Rafael Favetti, está em Londres a convite da New Scotland Yard ao governo brasileiro para participar de uma série de programas com especialistas em segurança de grandes eventos.

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