quinta-feira, 27 de maio de 2010

O jogo bruto no PMDB

Por Luiz Carlos Azedo
luizazedo.df@dabr.com.br

Bastou Dilma Rousseff (PT) alcançar o empate técnico com o tucano José Serra nas pesquisas de opinião para a cúpula petista elevar a cobrança de fidelidade ao principal aliado, o PMDB. A legenda exige o enquadramento das dissidências regionais e endossa reclamações de outros aliados. O governador de Pernambuco, Eduardo Campos (PSB), por exemplo, questiona a liberdade de movimentos dada aos ex-governadores Jarbas Vasconcelos (PMDB), candidato ao governo de Pernambuco, e Orestes Quércia (PMDB), candidato ao Senado em São Paulo, que apoiam Serra abertamente.

A consulta feita ao Tribunal Superior Eleitoral pelo deputado Eduardo Cunha (PMDB-RJ) — de comum acordo com o presidente do PMDB, Michel Temer (SP), e os líderes na Câmara, Henrique Eduardo Alves (RN), e no Senado, Renan Calheiros (AL) — não é um simples gesto de intimidação. Uma decisão formal da Justiça contra o registro de candidaturas notoriamente dissidentes pode servir de instrumento para qualquer vereador do PMDB virar um gigante na luta interna e neutralizar, no plano jurídico, integrantes da legenda que pontificam na oposição.

Raposa da legenda e prócer dos dissidentes, o deputado Eliseu Resende (PMDB-RS) percebeu o perigo e já afinou nas articulações a favor de Serra. Sabe que não é tradição do PMDB enquadrar seus rebeldes, mas os caciques governistas da legenda resolveram jogar bruto. A partir do momento em que a petista conquistou a condição de favorita, recrudesceu nos estados o movimento a favor de candidaturas majoritárias do PT que contrariam seus interesses eleitorais.

A candidatura do ex-prefeito de Belo Horizonte Fernando Pimentel (PT) a governador de Minas pode ser um golpe mortal no favoritismo de Hélio Costa (PMDB); a do ex-ministro da Previdência José Pimentel (PT), uma pá de cal no sonho do deputado Eunício de Oliveira (PMDB) de ocupar uma cadeira do Senado pelo Ceará.

Nuclear

O presidente da Eletrobras Eletronuclear, Othon Luiz Pinheiro da Silva, que lidera o programa nuclear brasileiro, participa amanhã da 4ª Conferência Nacional de Ciência, Tecnologia e Inovação (CNCTI). O evento deve consolidar a linha contrária à assinatura de novo aditivo do Tratado de Não Proliferação de Armas Nucleares.

Pastoral

O candidato do PSol, Plínio Arruda Sampaio, avança na conquista de apoios junto aos militantes das pastorais da Igreja Católica. Para dom Ladislau Biernaski, presidente da Comissão Pastoral da Terra e bispo de São José dos Pinhais, com quem se encontrou ontem, em Curitiba, Plínio “é um velho companheiro de lutas das pastorais sociais, da luta pela reforma agrária e participante ativo das comunidades cristãs”.

Pessoal

O presidente Lula mandou a cúpula do PT enquadrar a legenda no Maranhão e retirar o apoio ao candidato a governador do PCdoB, Flávio Dino, em favor da governadora Roseana Sarney (PMDB), que pleiteia a reeleição. É um compromisso assumido com o presidente do Senado, José Sarney (PMDB-AP), aliado de primeira hora na campanha de 2002. Com o partido dividido a ponto de saírem cadeiradas nas reuniões, o presidente da legenda, Eduardo Dutra, só não fez uma intervenção na direção local para evitar que o deputado Domingos Dutra, do PT-MA, entre em greve de fome no Salão Verde da Câmara em protesto contra a aliança com o clã Sarney.

Crise

Agravou-se a crise entre o PT e o governador do Ceará, Cid Gomes (PSB), com a confirmação da candidatura do ex-ministro da Previdência José Pimentel ao Senado. Amigo de longa data do senador Tasso Jereissati (PSDB), o governador estaria disposto a apoiar apenas um candidato ao Senado: o deputado federal Eunício Oliveira (PMDB). Dessa forma, Cid facilitaria a reeleição do tucano.

Dispensa

O governador da Bahia, Jaques Wagner (PT), candidato à reeleição, não digeriu a tese de dois palanques governistas em seu estado. Fala para quem quiser ouvir que os “métodos” do PMDB baiano “são muito similares” aos utilizados pelo ex-senador Antônio Carlos Magalhães. “A identidade do senador está no DEM, e o método está com o PMDB baiano.”

Irã


O presidente Lula recebe o primeiro-ministro da Turquia, Tayyip Erdogan, em Brasília, para discutir como os dois países se posicionarão diante da eventual aprovação de novas sanções ao regime dos aiatolás pelo Conselho de Segurança da ONU. O Irã dá sinais de que pode voltar à mesa de negociações com os Estados Unidos.


Água

Mais um tiro na água da oposição: o governo federal cumpriu com folga a meta de superavit primário do quadrimestre. O esforço fiscal somou R$ 24,698 bilhões, ultrapassando a meta em R$ 7 bilhões

Vice/ Com a reiterada recusa de o ex-governador tucano Aécio Neves aceitar a vice do candidato tucano José Serra (PSDB), a vaga virou moeda de troca entre os aliados da oposição na tribuna do Senado. O senador Jayme Campos (DEM-MT) já lançou da tribuna do Senado o nome do senador Mão Santa (PSC-PI). Campos chegou a prometer um dos seus três aviões para que Mão Santa viaje por todo o Brasil.

Rasteira/ A cúpula do PCdoB-DF comunicou ao presidente do Sindicato dos Policiais Federais de Brasília, Cláudio Avelar, que não mais lhe daria a legenda do partido. Terá um só candidato, o advogado Messias de Souza. Avelar se considera traído, porque a candidatura foi combinada no ato de sua filiação.

Fico/ O governador do Paraná, Orlando Pessuti (PMDB), disse aos deputados estaduais do PMDB que não vê razão para renunciar à candidatura e apoiar o senador Osmar Dias (PDT) ao governo.

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