quarta-feira, 12 de maio de 2010

A fritura de Romeu

por Luiz Carlos Azedo
luizazedo.df@dabr.com.br

com Norma Moura

O vazamento do inquérito que investiga a máfia chinesa em São Paulo, supostamente liderada pelo empresário Li Kwok Kwen, está dando dor de cabeça ao diretor-geral da Polícia Federal, o delegado Luiz Fernando Corrêa. O vazamento colocou na frigideira o secretário nacional de Justiça, Romeu Tuma Júnior, que proclama inocência. E está sendo visto no Ministério da Justiça e no Planalto como uma manobra dos adversários de seu pai, o senador Romeu Tuma (PTB-SP) — candidato à reeleição que já comandou a corporação. Os rivais seriam da própria PF e estariam ligados à oposição.

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Como o inquérito não foi conclusivo sobre o envolvimento de Tuma Júnior com o empresário, a ponto de o Ministério Público não oferecer denúncia contra o secretário, o ministro Luiz Paulo Barreto está certo de que o vazamento partiu da própria corporação e indicaria a existência de uma espécie de “quinta coluna” dentro da PF. A escuta telefônica de um alto funcionário do Ministério da Justiça ligou o alarme de que ninguém no governo estaria livre dos grampos telefônicos sob responsabilidade da instituição.

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A relação entre Corrêa e o ministro da Justiça, Luiz Paulo Barreto, que já não era lá grandes coisas, também foi pro vinagre. Os dois já não se bicavam desde a época em que o delegado era o titular da Secretaria Nacional de Segurança Pública e, Barreto, o secretário-executivo do Ministério da Justiça. No Palácio do Planalto, todos preferem que Tuma Júnior se licencie ou peça demissão do cargo, mas o delegado paulista resolveu sangrar em praça pública e pretende entrar em férias. Ontem, foi ao programa do Datena, da TV Bandeirantes. O apresentador saiu em defesa do amigo.

Toalha//

O senador Osmar Dias, do PDT-PR, desistiu da candidatura ao governo do Paraná depois de idas e vindas das negociações com o PT. Fechou acordo com o ex-prefeito de Curitiba Beto Richa (PSDB) e o irmão, senador Álvaro Dias (PSDB), que concorre à reeleição.

Sem pressa

As bancadas do DEM na Câmara e no Senado patrocinaram, ontem, um jantar com o prefeito de São Paulo, Gilberto Kassab, no restaurante Piantella, em Brasília. No cardápio, os rumos da campanha do tucano José Serra, que tem em Kassab um dos seus principais interlocutores. Os caciques da legenda fecharam um pacto para só tratar da vice na chapa da oposição após convenção do PSDB em Minas, que oficializará a candidatura do ex-governador de Minas Aécio Neves ao Senado. “Não temos pressa”, explica o presidente do DEM, deputado Rodrigo Maia (RJ), que ainda acredita na possibilidade de o tucano Aécio ser o vice.

Perigo

A indecisão do PT sobre a expansão da coligação que irá apoiar o petista Agnelo Queiroz ao Buriti preocupa os aliados. PDT, PSB e PCdoB defendem a reprodução no DF da aliança que apoiará Dilma Rousseff à Presidência, mas uma ala dentro do PT, liderada pelo deputado Geraldo Magela (DF), torce o nariz para a entrada na base do PMDB, que há bem pouco tempo abrigava o arquirrival Joaquim Roriz, hoje no PSC. O problema é que o PMDB conta com um atrativo tempo de TV e pode lançar o governador Rogério Rosso à reeleição.

Cobrança

O PSB vai subir o tom contra o PMDB na aliança governista. O governador de Pernambuco, Eduardo Campos, que comanda a legenda, não esconde a insatisfação com o partido de Michel Temer (PMDB), indicado para vice de Dilma Rousseff. Reclama do isolamento de Beto Albuquerque no Rio Grande do Sul e de Paulo Skaf em São Paulo. Nos dois estados, o PMDB marcha para apoiar o tucano José Serra.

Problemas

Além de Minas, onde o acordo PMDB-PT não sai, outros estados estratégicos dão dores de cabeça ao presidente Lula nas articulações da candidatura de Dilma Rousseff (PT). No Rio Grande do Sul, o ex-prefeito de Porto Alegre José Fogaça, e em Mato Grosso do Sul, o governador André Puccinelli, candidato à reeleição, caminham para a aliança com o tucano José Serra. No Pará, o PMDB está dividido entre concorrer com candidato próprio — no caso, Jader Barbalho —, se coligar ao PSDB ou voltar à aliança com o PT.

Silêncio

O presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), Cezar Peluso, fez uma visita cercada de mistério ao presidente da Câmara, Michel Temer (PMDB-SP), e lideranças partidárias. Questionado, Temer negou que o motivo da visita tenha sido o reajuste aos 109 mil servidores do Judiciário.

Grandezas

Valor próximo ao que o governo queria gastar com o reajuste de 6,14% para beneficiar 8,3 milhões de aposentados e pensionistas do INSS, no novo plano de cargos e salários do Judiciário estão em jogo R$ 6,4 bilhões

Ato final/ Depois de muita cena, o PCdoB do DF oficializa hoje, no Hotel Mercure, o apoio à candidatura de Agnelo Queiroz (PT) ao GDF. O anúncio será feito em ato retirando a
pré-candidatura ao Buriti do advogado
Messias de Souza.

Queda de braço/ Servidores das carreiras ligadas ao Meio Ambiente estão de braços cruzados há um mês. Sabem que as licenças para a continuidade do PAC passam por suas mãos, e por isso entregaram 730 cargos e funções comissionadas para pressionar o governo. O STF julga hoje a legalidade da greve.

Azebudsman/ O leitor Marlon Dourado puxou as minhas orelhas por causa do termo “barnabés” utilizado em nota publicada ontem sobre a visita do presidente do STF ao Congresso. O termo designa funcionários públicos de baixa hierarquia, mas é considerado
pejorativo. “Para obter uma vaga no Poder Judiciário, o barnabé enfrenta uma gigantesca concorrência, abre mão da família, amigos, tempo, saúde e precisa estudar, no mínimo, 10 horas por dia para ter alguma chance de aprovação”, protesta Marlon Dourado.

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