terça-feira, 13 de abril de 2010

O trem bão

Por Luiz Carlos Azedo
Com Norma Moura
luizazedo.df@dabr.com.br


O ministro de Relações Institucionais, Alexandre Padilha, está ficando de cabeça branca com o trem de bondades que trafega no Congresso Nacional, onde a base governista está cada vez mais impossível. As votações que oneram o Tesouro se sucedem e, se pudesse, o governo não votaria mais nada. Mas não pode impedir, por exemplo, as votações das medidas provisórias, que perdem efeito se não forem apreciadas no prazo previsto em lei.

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Na Câmara, nove medidas provisórias trancam a pauta. A primeira é a MP nº 474/09, que aumentou de R$ 465 para R$ 510 o valor do salário mínimo. A segunda é a MP nº 475/09, que reajustou em 6,14% os benefícios da Previdência Social e fixou em R$ 3.416,54 o valor máximo do salário de contribuição e do salário de benefício, o que vem dando a maior dor de cabeça ao governo. A oposição quer reajustar todas as aposentadorias do setor pelo salário mínimo e acabar com o fator previdenciário. Até aí, tudo bem.

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O problema é a base. Líderes defendem o aumento do índice para reajuste de aposentados para 7,71%. O líder do governo na Câmara, Cândido Vaccarezza, tenta um acordo em torno de 7%, o que ainda poderia ser absorvido pelo governo, apesar do gasto adicional de
R$ 1,1 bilhão nas contas públicas. Se prevalecer o índice de 7,71% — proposto pelo petista Paulo Paim (RS) no Senado —, a conta subirá para R$ 1,7 bilhão.

Obstrução

Duas MPs trancam a pauta do Senado: a nº 473/09, que concede crédito extraordinário de R$ 742 milhões a ministérios para ações de recuperação de estruturas de municípios atingidos por chuvas e secas no fim do ano passado, e a nº 472/09, que concede incentivos fiscais a diversos setores da economia, estimados em cerca de R$ 3 bilhões em 2010. Nada anda no Senado, porém, até que o governo edite uma medida provisória para anistiar dívidas de até R$ 10 mil dos agricultores do semiárido com o Banco do Brasil e o Banco do Nordeste, uma bondade no valor de R$ 1 bilhão. A exigência é do líder do PMDB, Renan Calheiros, de Alagoas.

Língua

Dilma Rousseff usou o Twitter para se reposicionar. Sua polêmica declaração de “nunca ter abandonado o barco” por ter medo da luta — supostamente dirigida ao tucano José Serra, que passou 12 anos no exílio —, segundo a petista, nada tem a ver com os opositores ao regime militar que foram obrigados a sair do país. Desde que deixou a Casa Civil, Dilma ocupa espaço na mídia para explicar declarações, no mínimo, polêmicas.

Prestígio

Numa demonstração de prestígio, Lula recebe os presidentes da Rússia, da Índia, da China e da África do Sul na quinta para a 2ª Cúpula do Bric, em Brasília. Na quarta, chegam os chefes de estado do Ibas (Índia, Brasil e África do Sul).

Dura Lex

Levou dez anos para ser executada, com sua prisão neste fim de semana, em Goiânia, a sentença condenatória do ex-dono da Encol Pedro Paulo de Souza. Condenado em 2000 pela Justiça federal em Goiás por crime contra o sistema financeiro, só agora a sentença foi confirmada: quatro anos e dois meses de prisão semiaberta.

Fracasso

Cotado para ser o ministro da Fazenda de um eventual governo Dilma Rousseff (PT), o presidente do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), Luciano Coutinho, esperneia por causa da política cambial. Segundo ele, o deficit comercial brasileiro torna o país vulnerável e provocará a médio prazo a rápida expansão da dívida externa. “Não me conformo de o Brasil ter perdido peso na exportação mundial”, lamenta. Especialista em política industrial, Coutinho está frustrado com a perda de competitividade das manufaturas brasileiras.

Veterano

Subsecretário de Promoção e Defesa dos Direitos Humanos da Presidência da República, Perly Cipriano será homenageado hoje, às 19h, no Clube da Caixa Econômica (APCEF), no Setor de Clubes Norte, atrás da UnB. Capixaba, Perly ficou dez anos preso durante o regime militar e completa 50 anos de militância.

As bombas

Estados Unidos
5.200 ogivas nucleares e 2.700 ogivas operacionais implantadas (2.200 estratégicas). Deve reduzir seu arsenal para 1.500 ogivas em 2012.

Rússia
14 mil bombas, sendo 3.909 ogivas nucleares estratégicas. Também deve reduzir o arsenal para 1.500 ogivas nucleares até 2012.

França
300 ogivas nucleares, sem contar mísseis de submarino cujo número é desconhecido.

Reino Unido
200 ogivas estratégicas e número desconhecido de mísseis balísticos de quatro submarinos nucleares.

China
250 armas nucleares estratégicas e táticas e capacidade de produzir número muito maior.

Coreia do Norte
Plutônio suficiente para seis a oito bombas.

Índia
50 a 60 ogivas montadas.

Paquistão
580 a 800kg de urânio altamente enriquecido, suficiente para construir entre 30 e 50 bombas.

Israel
200 artefatos nucleares não declarados.

Irã
Signatário do Tratado de Não Proliferação de Armas Nucleares (TNP), o Irã dos aiatolás tem um programa de enriquecimento de urânio supostamente para fins pacíficos. Ninguém acredita.

Estima-se esse arsenal mundial em
25 mil ogivas

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