quarta-feira, 23 de setembro de 2009

Palanque duplo para Dilma

Por Luiz Carlos Azedo
Com Guilherme Queiroz

luizazedo.df@diariosassociados.com.br

A conversa do presidente do PT, Ricardo Berzoini (SP), com o presidente da Câmara, Michel Temer (SP), sobre a aliança dos petistas com o PMDB nos estados foi muito pragmática. Chegaram à conclusão de que o mais importante mesmo é a coligação em nível nacional, com um peemedebista na vice da ministra-chefe da Casa Civil, Dilma Rousseff, não importa o terremoto que possa ocorrer na base dos dois partidos nos estados. Desde que o apoio à candidata petista seja mantido e o presidente Luiz Inácio Lula da Silva reconheça os nomes a governador do PT e do PMDB como da sua base.

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A fórmula é a cara de Temer, presidente licenciado do PMDB, que almeja a vice de Dilma, mas também agrada a setores da cúpula petista que não apostam todas as fichas na eleição da ministra. A proposta de dois palanques nos estados surgiu como uma concessão do presidente Lula ao ministro da Justiça, Tarso Genro, candidato ao governo do Rio Grande do Sul, onde o PMDB também tem um concorrente fortíssimo, o prefeito de Porto Alegre, José Fogaça. E pode valer para Minas, onde o ministro das Comunicações, Hélio Costa (PMDB), é candidato ao governo, mas o ex-prefeito de Belo Horizonte Fernando Pimentel e o ministro do Desenvolvimento Social, Patrus Ananias, também querem disputar a sucessão de Aécio Neves (PSDB).


Atitude//

Presentes em peso, ontem, na abertura do seminário do pré-sal patrocinado pelos Diários Associados, correspondentes estrangeiros registraram o ar certo de candidata a presidente da República que a ministra-chefe da Casa Civil, Dilma Rousseff, assumiu em seu discurso. “Ela entrou em modo candidata”, comentou um repórter australiano.


Empinou

O líder do PSB na Câmara, Rodrigo Rollemberg (DF), está exultante com as últimas pesquisas de opinião sobre a sucessão presidencial. Avalia que a candidatura de Ciro Gomes (PSB-CE) a presidente da República está se consolidando. O político cearense resolveu intensificar suas viagens aos estados, atendendo apelos da bancada federal. Há entre os deputados do PSB a convicção de que a candidatura própria ajuda a viabilizar os candidatos proporcionais.


Jogo duro

O presidente do DEM, deputado Rodrigo Maia, resolver jogar duro com os dissidentes da legenda. Já avisou que vai pedir, em todo o país, o mandato dos parlamentares que se desligarem do partido. O prazo limite para as novas filiações visando a campanha de 2010 termina em 3 de outubro e a inquietação nas siglas é generalizada. “Os governadores estão dizendo aos deputados que podem trocar de partido, sem medo da lei da fidelidade partidária, porque eles resolvem na Justiça Eleitoral. Governador não pode mandar na Justiça”, dispara.


Dominó

A fórmula dos dois palanques foi adotada por Lula como uma solução plausível nos estados onde nem o PT nem o PMDB controlam o governo. Mas passou a ter uma interpretação diferente na Bahia, onde o ministro da Integração Nacional, Geddel Vieira Lima (PMDB), se lançou candidato a governador contra o petista Jaques Wagner, candidato à reeleição em meio a juras de fidelidade ao governo Lula e de apoio a Dilma. O efeito dominó foi com a candidatura do prefeito de Nova Iguaçu (RJ), Lindberg Farias, que promete desafiar o governador Sérgio Cabral (PMDB) nas urnas. “Se o Geddel pode ser candidato, por que eu não posso também?”, questiona o petista.


Dólar

A cotação do dólar começa a dar trabalho ao Banco Central, novamente. E aciona o coro dos descontentes do setor exportador com a política de câmbio flutuante. Ontem, caiu 0,99% e fechou com a menor cotação em um ano: R$ 1,799

Controle/Recém convertida aos verdes, a senadora Marina Silva (PV) emplacou o ex-deputado Luciano Zica para a vice-presidência do PV. Ex-petista, o parlamentar entrou em rota de colisão com a legenda desde que perdeu as eleições para a Prefeitura de Campinas. Zica vai coordenar a revisão programática do PV e não pretende se candidatar a cargo eletivo.

Honduras/O líder do PPS, Fernando Coruja (SC), apresentou requerimento a fim de convocar o ministro das Relações Exteriores do Brasil, Celso Amorim, para explicar detalhes da concessão do asilo diplomático (instrumento diferente do asilo territorial porque o cidadão usa o espaço da representação brasileira no exterior) ao presidente deposto de Honduras, Manuel Zelaya. Ele está na embaixada brasileira na capital hondurenha, Tegucigalpa. O PPS quer saber se o hondurenho pediu o benefício ou se o governo brasileiro foi quem arquitetou a ida de Zelaya para a embaixada.

Acordo/O presidente da Câmara dos Deputados, Michel Temer (PMDB-SP), se reúne hoje com o procurador-geral da República, Roberto Gurgel, para instalar um grupo de cooperação entre a Casa e o Ministério Público Federal na investigação de eventuais irregulares cometidas por parlamentares ou servidores. O objetivo é definir um procedimento conjunto de apuração para evitar ressentimentos entre as instituições.

Certeza/Nem havia se encerrado a sessão da Comissão de Assuntos Econômicos (CAE) do Senado que aprovou a indicação de José Múcio Monteiro para ministro do Tribunal de Contas da União (TCU), um funcionário da Presidência da República avisava a autoridades da data e hora da posse de Alexandre Padilha no Ministério de Relações Institucionais. Será na segunda-feira, às 16h, no anexo do Itamaraty.

Hoje, na coluna Brasília/DF do Correio Braziliense

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