quinta-feira, 10 de setembro de 2009

Companheiros de viagem

Por Luiz Carlos Azedo
Com Guilherme Queiroz

luizazedo.df@diariosassociados.com.br

Nunca as relações entre o presidente Luiz Inácio Lula da Silva e o presidente do PMDB, Michel Temer (SP), estiveram tão boas. O petista sempre teve dificuldades para lidar com o estilo seco e impessoal do cacique do PMDB, que manteve obstinada oposição no primeiro mandato e desembarcou de mala e cuia no segundo governo Lula. Hoje, o PMDB é uma força de sustentação mais decisiva do que o próprio PT no Congresso e escanteou os demais aliados do governo. Agora, Temer tem pressa para fechar a coligação eleitoral com a ministra-chefe da Casa Civil, Dilma Rousseff, certo de que o sucesso nessa empreitada, num momento de baixa da petista nas pesquisas de intenções de voto, lhe garantirá o lugar de vice na chapa presidencial.

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Terça-feira, Temer embarca do Rio de Janeiro para Copenhague, na Dinamarca, em companhia do governador do Rio de Janeiro, Sérgio Cabral, e do prefeito carioca, Eduardo Paes, para a reunião do Comitê Olímpico Internacional (COI) que vai decidir a sede das Olimpíadas de 2016. Lula faz campanha pelo Rio de Janeiro, mas o assunto principal entre os companheiros de viagem é a consolidação da aliança do PMDB com o PT na sucessão de 2010. Lula tem pressa. Temer, também. Cabral e Paes são fiadores da aliança com Dilma, mas andam agastados por causa do pré-sal e querem pagar para ver.

Voador

Será difícil cumprir o prazo de 10 de novembro para começar a votação dos quatro projetos do pré-sal na Câmara. A proposta de partilha tem 350 emendas sobre a exploração e produção de petróleo, gás natural e outros hidrocarbonetos fluidos na camada pré-sal. Há 301 emendas ao Fundo Social, que está sendo pulverizado. A criação da Petro-Sal recebeu 105 emendas e a capitalização da Petrobras, 67. A propósito, emenda do deputado Lelo Coimbra (PMDB-ES) suprime do texto a delimitação de “áreas estratégicas” de exploração por decreto presidencial. “É um cheque em branco, à revelia dos estados e do Congresso”, dispara.


É Galo (13)



O jogo do bicho está em vias de provocar um grande racha no PT, que não esqueceu a origem dos infortúnios do primeiro mandato do presidente Luiz Inácio Lula da Silva: o famoso caso Waldomiro Diniz, assessor parlamentar do então ministro da Casa Civil, José Dirceu, que se meteu com a jogatina. Patrocinada pela bancada pernambucana em peso, a legalização dos bingos divide ao meio os petistas na Câmara. Presidente da legenda, Ricardo Berzoini (SP) trabalha a favor; o secretário-geral, José Eduardo Cardozo (foto), de São Paulo, faz comício contra. José Genoíno (SP) acredita que legalizar é a única maneira de impedir sua contaminação por outras atividades ilegais. Antônio Biscaia (RJ) pensa o contrário: os bingos lavam dinheiro do tráfico de drogas e são controlados por bicheiros.


Metrô


A partir de amanhã, o Metrô-DF retoma as negociações com a Cooperação Andina de Fomento (CAF) para financiamento do projeto Corredor Eixo-Sul (Veículo Leve Sobre Pneus), que liga Gama, Santa Maria e Entorno ao Plano Piloto. Seis representantes da instituição estão em Brasília para análise do empreendimento.



No hangar


Esperada para o fim de agosto, a reestruturação da diretoria da Infraero não saiu do hangar. Há quatro meses, o diretor de Operações da estatal, João Márcio Jordão, acumula a Diretoria de Engenharia e Meio Ambiente, departamento encarregado de assinar ordens de serviço das obras da estatal. Entre elas, as ações do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC), que andam empacadas: nenhum centavo do PAC de 2009 foi executado este ano.


Não tem

Líder do PMDB na Câmara, o deputado Henrique Eduardo Alves, do Rio Grande do Norte, já avisou ao governo que a bancada não embarcará no projeto de taxação das cadernetas de poupança com saldo superior a R$ 50 mil, como quer o ministro da Fazenda, Guido Mantega. Argumenta que é matéria antipopular, que dá urticária nos deputados da legenda e nos demais aliados do governo. A proposta virou bandeira eleitoral da oposição, que já está batendo no governo.


Migalhas

Sob pressão de sete governadores, o Ministério do Planejamento criou um grupo de técnicos encarregados de estudar a disponibilidade de recursos que poderão ser destinados às compensações da Lei Kandir, no ano que vem, na proposta da Lei Orçamentária de 2010. Os estados pedem pelo menos R$ 3,9 bilhões



Divórcio/ Responsável pela eleição de 12 dos 46 deputados federais do Rio de Janeiro, a aliança PMDB-PP não será repetida em 2010. O diretório estadual peemedebista quer aumentar sua bancada de 10 para 12 parlamentares, número difícil de atingir dividindo votos da coligação com os ex-aliados. Apesar do divórcio, o PMDB abriu as portas para progressistas concorrerem pelo partido.

Barrigada/ Procurado pelo ex-governador Joaquim Roriz, que oferece um palanque no Distrito Federal à candidatura presidencial do deputado Ciro Gomes (PSB-CE), o PSB brasiliense não quer conversar sobre o assunto antes de 3 de outubro, quando se encerra o prazo de filiação partidária. Os socialistas temem alimentar boatos de uma eventual filiação de Roriz.

Municípios/ Presidente da Confederação Nacional de Municípios (CNM), Paulo Ziulkoski promete botar a boca no trombone, amanhã, por causa da queda de arrecadação do Fundeb. O deficit, em relação a 2007, aumentou 1,4%. Formadas por 20% da arrecadação de tributos como o IPVA e o ICMS e por recursos do FPM e do FPE, as verbas do Fundeb retornam ao município de acordo com o número de matrículas na rede escolar.


Hoje, na coluna Brasília/DF do Correio Braziliense

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